Sobre a Magreza para a moda
Sobre a Magreza para a moda
A magreza das modelos sempre causa polêmica. Quando fotografias de trabalho ou flagrantes são divulgadas, começam as especulações sobre o estado de saúde da profissional.
Foi o que aconteceu com a modelo Yasmin Brunet, vítima de comentários maldosos sobre sua saúde, ao ser clicada em uma praia do Rio de Janeiro, exibindo um corpo bem magro, com os ossos expostos.
A mãe, Luiza Brunet saiu em defesa da filha, em entrevista aoR7, e negou qualquer tipo de distúrbio alimentar ou problemas de saúde de Yasmin.
— A Yasmin trabalha para o mercado internacional, não é para o Brasil. A visão que nós temos no Brasil é que as mulheres são gostosas, bombadas.
Após a defesa de Luiza, uma pergunta veio à tona: afinal de contas, a vida de modelo é dura demais? Profissionais da beleza responderam a esta e a outras questões.
A Folha publicou hoje uma matéria bem legal sobre as horripilantes modelos da Fashion Week - e elas são bem estranhas mesmo, bem mais magras ainda pessoalmente do que nas imagens e fotos. O grande lance, que nenhum estilista ainda sacou, é que as roupas não são para ficarem em cabides: são para mulheres usarem e vestirem e andarem pelas ruas com elas. Segue o texto, assinado pela Fernanda Mena e pela Nina Lemos.
Hipermagreza domina passarelas da SPFW
"Gente, o que é isso, essa menina está doente?" A frase, de um fashionista sentado na primeira fila de um desfile da SPFW, ilustra um espanto recorrente na atual edição do evento: as modelos estão mais magras do que nunca. Prova disso é que estilistas estão tendo dificuldades em montar seus "castings", fazem ajustes de última hora e escolhem peças estratégicas que escondam os ossos saltados das modelos.
Na SPFW da magreza radical brilham modelos na faixa dos 18 anos, que têm índice de massa corporal, calculado pela Folha, igual ao de crianças de 9 anos. No mundo dos adultos, a Organização Mundial da Saúde chama esse índice de "magreza severa".
A explicação vem da top Aline Weber, 21, que mora em Nova York e participou do filme "Direito de Amar", de Tom Ford. "Três coleções atrás, no auge do pânico antianorexia, as pessoas pesavam as modelos no backstage para ver se elas estavam saudáveis. Agora, a poeira baixou. Se você engorda um pouco, todo mundo está ali pra te julgar. Se você emagrece, falam que você está linda." Aline diz conhecer muitas meninas bulímicas e anoréxicas fora do Brasil. "As russas são as piores", conta.
O stylist David Pollak identifica o padrão supermagro europeu como uma das causas da onda que atinge a atual edição da SPFW. "Muitas meninas estão trabalhando fora e por isso estão supermagras. Estão dentro do padrão de Paris, que é esquelético."
A magreza radical fez com que ele tivesse dificuldades na hora de montar o "casting" da Cavalera. "A marca tem uma imagem mais adolescente, saudável. Por isso, peguei meninas que não são badaladas [leia-se, as que ainda não têm carreira internacional]. Outros stylists tiveram de fazer o improvável: dispensar meninas de suas seleções porque elas estavam magras demais.
A onda tem feito eles inverterem uma antiga lógica da moda: ao invés de avaliarem roupas ideais para esconder, por exemplo, um quadril mais largo, têm de descobrir os looks que vão ocultar um corpo esquálido. "As meninas muito magras causam problemas. Seus ossos apontam num vestido de seda mais fluido. Ou seus corpos, muito estreitos, deixam a proporção toda estranha", avalia o stylist Maurício Ianês.